Personagem Incrível: Márcia e Thiago

Personagem Incrível

Personagem Incrível: Márcia e Thiago

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No mês das mães, não poderíamos deixar de homenagear aquele que, se tivermos sorte, é o primeiro (e maior) amor da nossa vida. E, claro, pra nós aqui em Incrível! não tem como falar de mãe, sem falar da comida como sinal de afeto!

O papo de hoje é com uma dupla de mãe e filho pra lá de especial. Eles refletem a magia da cozinha e como ela tem o poder de estreitar laços para sempre.

Esses dois são de uma doçura sem tamanho e vão, com certeza, inspirar qualquer um a se aventurar mais na culinária. Vem com a gente!

Márcia (62) é formada em nutrição, mas trabalhou pouco tempo na área. É que, ela mesma admite, sua vocação, de verdade, era ser mãe.

“Eu estudei nutrição e trabalhei pouco tempo na indústria porque, no fundo, no fundo, eu queria ser mãe. Essa era a grande proposta da minha vida. E eu fui mãe três vezes. Uma mãe que se dedicou bastante ao desenvolvimento, ao crescimento, à própria alimentação. Gostei muito de cuidar, pessoalmente, da alimentação deles. Foi uma fase de realização plena para mim”, explica Márcia.

Thiago (35) reconhece toda essa dedicação de sua mãe e tem certeza que, essa entrega, foi essencial para a sua relação com o alimento e, no final, até para sua trajetória de vida.

“Eu cresci num lar onde o alimento sempre foi sagrado. Pra mamãe, essa era sua forma de amar e cuidar dos filhos. Para ela, era fundamental que a gente comesse bem. Eu cresci comendo alimento integral. Essa era a minha referência: comida é cuidado, comida é carinho, comida é nutrição”, explica Thiago.

Thiago hoje é um suuuper chef de cozinha vegetal, mas essa escolha não foi tão natural e óbvia como pode parecer. Foi preciso Thiago tentar vingar em três faculdades – e abandoná-las rapidamente – até se encontrar na Gastronomia. E foi tudo por acaso: um amigo tinha começado esse curso e Thiago se interessou.

Porém, Márcia conta que, apesar da comida ser algo suuuper central na vida da família, ela só enxergava Thiago como “bom de garfo” e jamais como um potencial chef. Mas, a vida tem dessas coisas e a realidade surpreendeu os dois.

“Com o desenvolvimento do Thiago no curso, ele foi me mostrando que estava no lugar certo. Ele escolheu exatamente o que ele tinha aptidão. Ele canalizou toda a sua energia criativa, que sempre teve, para isso”, comenta Márcia, orgulhosa.

E essa relação com a comida é de família e beeem antiga.

“Meu amor pela cozinha vem desde sempre. Eu nasci numa família que era muito envolvida com alimentação, com cozinha. Meu bisavô tinha padaria e os encontros de domingo eram sempre em casa dos avós, em volta da mesa. É muito engraçado, a gente não ficava na sala, a gente se reunia na cozinha, em volta da mesa”, lembra Márcia.

Além dessa convivência familiar em torno do alimento, a mãe de Márcia também era uma cozinheira de mão cheia, que vendia, inclusive, comida sob encomenda. Foi assim que Márcia começou a cozinhar.

“Minha primeira memória na cozinha foi na minha adolescência, porque minha mãe fazia comida para fora. Muitas vezes eu ficava encarregada de pequenos afazeres na cozinha e foi, assim, que eu fui aprendendo a cozinhar.”

Para Thiago, sua primeira lembrança cozinhando é de quando foi morar fora do Brasil com 18 anos. Ele conta que a comida caseira era tão importante na sua vida, que queria continuar a comer o mais parecido possível, mesmo não sabendo cozinhar direito. Para cumprir isso, encontrou solução na tecnologia e, claro, nas dicas preciosas de sua mãe.

“Eu lembro que quase todo dia ligava pra mãinha e pedia uma receita de coisa básica tipo arroz, molho de tomate, strogonoff. E isso era numa época de Skype, quando estava começando essa coisa de videochamada. Eu lembro que cozinhava muito com minha mãe por ligação.”

Para Thiago, morar fora foi, sem dúvida, um divisor de águas. Foi nessa vivência que ele se abriu para o vegetarianismo.

No Brasil, já se encantava com a alimentação veggie, muito pelas trocas que tinha no mundo do Yoga onde, cada vez mais, se aprofundava.

Porém, foi só quando trancou a faculdade de Gastronomia para passar uma temporada em San Francisco (EUA), que ele se deparou com a acessibilidade da alimentação à base de plantas.

Voltando para o Brasil, se assumiu oficialmente vegetariano. Mas, lembre-se, ele estava cursando Gastronomia e, no curso, a ideia é aprender a cozinhar absolutamente tudo. Ou seja, Thiago chegou em terras tupiniquins para encarar um graaande desafio.

 “Na faculdade não foi muito fácil ser vegetariano. Nos módulos de preparo de carnes, aves, peixes eu já não conseguia manipular as coisas, eu não provava. E, claro, vários chefs me questionaram se aquele era mesmo o lugar onde eu deveria estar, mas eu nunca tive dúvidas, ao contrário das outras faculdades que cursei. Eu sabia que esse era o caminho. Eu já tinha visto lá fora a cozinha vegetal e eu sabia que a alimentação com plantas era o futuro.”

E o Thiago não poderia ter acertado mais. Desde que se tornou chef, cozinha somente com vegetais e surpreende sempre pela entrega criativa e deliciosa!

Márcia, eterna adepta da alimentação saudável, acabou vendo seus três filhos virarem vegetarianos e, nessa mudança de estilo de vida, também abraçou esse novo mundo.

 “10 anos atrás, mamãe fazia leite vegetal em casa e chegou até a comprar uma maquininha de fazer tofu”, lembra Thiago, com carinho.

E essa cumplicidade de mãe e filho, na cozinha, segue até hoje. Os dois falam que não tem um prato específico que eles gostem de cozinhar em conjunto. Para ambos, o que importa é estarem juntos perto do fogão.

“Nós somos uma boa dupla na cozinha, na organização, na forma como fazemos as coisas. Eu sou mais sossegada e o Thiago mais agitado e eu acho que essa é uma combinação boa. Cozinhar juntos é sempre uma vivência que acrescenta e é sempre regada no bom humor!”, conta Márcia.

Apesar de ser um chef de sucesso, Thiago revela que tem uma coisa que só sua mãe sabe fazer de um jeitinho especial. Essa, talvez seja sua comida-afeto da vida: feijão.

“O feijão de mamãe sempre vai ter um lugar especial no meu coração. Eu sei que nunca vou conseguir fazer igual”, conta.


Essa fala de Thiago nos tocou num lugar especial. Afinal, quem não tem uma experiência parecida com algum prato de família que, por mais que você siga a receita item por item, nunca fica igual? Parece que o tempero da mãe (ou da avó) tem pó de pirlimpimpim.

Terminamos o papo com essa dupla querida, perguntando se eles acham que cozinhar junto pode unir mãe e filho. A resposta dos dois foi, claro, um sonoro “sim”.

“Com certeza! Eu vejo como um momento de convívio muito genuíno. Acho que compartilhar alguma coisa que vocês fizeram juntos, é muito poderoso para estreitar laços, tanto um pelo outro, como pela comida também”, diz Thiago.

“Cozinhar com filhos nos aproxima muito. Uma troca que todos saem ganhando, todos aprendem. É uma troca energética muito valiosa, sem dúvida nenhuma!”, conclui Márcia.

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