Personagem Incrível: Leyllah Diva Black

Personagem Incrível

Personagem Incrível: Leyllah Diva Black

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Leyllah Diva Black, é uma libriana nascida no dia 22 de outubro de 1984 que, apesar de não entender nada sobre signos, se revê muuuito no estereótipo clássico da balança: “sou muito indecisa, em algumas coisas”.

Quando era criança quis ser bombeira, veterinária e professora, mas acabou estudando educação física – apesar de na escola sempre ter fugido dessas aulas.

“Eu odiava jogar futebol e, naquela época, se era menino tinha que jogar futebol. Por isso, eu sempre faltava nas aulas de educação física. Levava atestado, porque eu já trabalhava. Aquilo era muito massacrante pra mim.”

Créditos: Pedro Ambrósio

Mas, felizmente, apesar desses desafios, Leyllah seguiu nutrindo seu mundo interior de fantasia e sensibilidade.

 “Eu sempre gostei muito das artes. Sempre gostei muito de cantar, de dançar, de desenhar. Na minha infância – e até a minha adolescência – eu desenhava bastante. Fazia gibis, livrinhos. Depois criei gosto pela música – já fiz até parte de grupos de axé!”

E foi, justamente, por amar tanto dançar que a vida foi levando Leyllah para o caminho do espetáculo.

“Em 1998, quando a Britney Spears apareceu, eu me encantei com a forma dela performar e me senti muito inspirada. Ali, comecei a aprender coreografias diferentes das que conhecíamos no Brasil – tipo axé e samba – e comecei a ensinar essas coreografias para os meus amigos. Chegamos a dançar em quermesse, por exemplo.”

E olha só como a vida é: o garoto que odiava aula de ginástica, acabou entrando na faculdade de educação física porque queria viver da dança, como professor.

“Dei aulas em academia, mas também trabalhei vendendo roupa em loja, em rede de mercado como balconista e repositora, e até como assistente em salão de cabeleireiro. Minha mãe sempre me deu livre arbítrio para escolher com que trabalhar. Se não fosse ela, não teria seguido meus sonhos.”

Mas foi só em 2004 que tudo se profissionalizou. E, na verdade, através de um grande acaso.

“Eu trabalhava com um cabeleireiro, que frequentava várias baladas, e ele me montou, pela primeira vez. Eu fui zeeero produzida como uma Drag Queen, de fato: levei uma blusinha da minha irmã, uma calça jeans e um sapato de acrílico dois números abaixo do meu. Fiz meu show por brincadeira e comecei a receber feedbacks, que me deram vontade de continuar.”

Mas esse novo sonho quase foi por água abaixo quando, em 2005, perdeu um concurso e ficou muito frustrada. Felizmente, resolveu arriscar de novo e, desde então, não parou de ser Leyllah Diva Black.

“Com esse episódio, eu aprendi a nunca desistir de algo que a gente quer. Se eu tivesse desistido na época, eu não estaria onde estou hoje, com certeza”.

Hoje, Leyllah tem muito orgulho em dizer que, além de Drag Queen, é uma cantora de sucesso.

“Algumas pessoas achavam que eu deveria ficar só no circuito Drag, mas eu nunca quis desistir do meu sonho de ser cantora. Pabllo Vittar e Gloria Groove são duas grandes referências que me fizeram acreditar, de fato, no meu potencial, muito além da Drag Queen.”

Além de ter quebrado vários tabus com sua jornada queer, Leyllah também embarcou numa mudança de estilo de vida, quando aceitou a provocação de uma amiga para ver um documentário.

“Uma colega vegetariana me falou sobre a alimentação à base de plantas, que era algo muito distante e desconhecido para mim. Falou que eu deveria ver alguns documentários e eu vi ‘Cowspiracy’. Fiquei chocada e, no dia seguinte, vi outro documentário, ‘A carne é fraca’, e ali resolvi fazer uma mudança de um dia para o outro mesmo. Depois, fui atrás de informações para saber como me alimentar e super deu certo. Para mim, não foi uma dificuldade porque eu precisava encontrar uma solução para viver bem com a minha escolha. Mas eu entendo que é um processo e que, cada pessoa, tem o seu tempo”, acrescenta.

Quanto ao fato de ser uma Drag Queen vegana, Leyllah diz que sempre gostou de ser diferente.

“Ser uma Drag Queen vegana é algo que as pessoas não estão acostumadas. E até onde eu sei, sou a primeira Drag Queen preta vegana do Brasil”, comenta com orgulho.

Leyllah conta que, hoje em dia, o movimento plant-based está crescendo no espaço queer, o que a deixa beeem feliz. E, dentro desse contexto, recentemente, ela foi capa de uma revista de lifestyle da comunidade, um marco na sua vida.

“Acabei de ser capa de uma revista que fala sobre temas LGBTQIAPN+, a BeFree Mag. Sendo uma Drag Queen preta e vegana, isso significa muito pra mim.”

Atualmente, Leyllah está combinando algumas de suas principais paixões: música e estilo de vida. Fez uma parceria com a Mercy For Animals, na qual lançou a faixa “Go Vegan”, seu single mais escutado nas plataformas de streaming.

Além disso, tem outros dois projetos em andamento: o show “Diva in Jazz”, onde canta grandes clássicos do jazz, de músicas que ela escutava quando era criança; e o projeto “Projeto V”, uma intersecção de causas: veganismo, causas raciais, preconceitos, formas de educar. Em breve, ela lançará o single “Senciente”, o primeiro desse trabalho.

Por fim, quisemos saber que conselho Leyllah daria a alguém que tem medo de ser quem é:

“Hoje em dia, eu entendo que conselhos são experiências vividas e que cada ser humano só vai adquirir a experiência se ele a viver. Mas, claro, a gente pode sempre se basear em histórias para tentar evitar situações. 

Eu acredito que quando a gente é o que, de fato, a gente quer ser, a gente consegue ser muito mais feliz e propagar muito mais felicidade ao nosso redor. Então, eu diria que a gente precisa estar em paz primeiro conosco para ficarmos bem um com o outro. Esse seria o meu conselho.”

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